A cetamina é um medicamento que foi desenvolvido em 1962 para anestesia. É um medicamento bastante utilizado na medicina moderna, e está na lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial de Saúde. Ela tem uma variedade de usos médicos e é aprovada pela FDA e ANVISA como um anestésico. Já para depressão seu uso ainda é offlabel. Isto é, apesar da evidência científica comprobatória em relação a segurança e eficácia do fármaco para depressão, esta indicação ainda não é prevista em bula. Contudo, no primeiro semestre de 2019, o órgão regulador americano (FDA) aprovou a sua versão intranasal, o isômero escetamina, para depressão refratária.
A cetamina tem um histórico notavelmente seguro em ambientes cirúrgicos, e é frequentemente utilizada em cirurgia pediátrica. Também é comumente utilizada para tratar a dor física intensa e crônica. O Exército dos EUA tem usado a cetamina como anestésico no campo de batalha desde a Guerra do Vietnã. Ela também é usada em medicina veterinária. Da mesma maneira que muitos outros medicamentos essenciais , a cetamina é roubada de fornecedores e farmácias para ser abusada para fins recreativos.
Depressão maior, depressão bipolar e transtorno do estresse pós traumático são os transtornos para os quais há mais evidência científica. Ela também pode aliviar sintomas de TOC e de ansiedade generalizada, mas os dados ainda não são conclusivos em relação a isso. Além disso, ela tem sido usada para analgesia em casos de dor crônica.
Ela é indicada para pessoas que não respondem bem ao tratamento convencional; para pessoas que não toleram o tratamento convencional; e para os que apresentam ideação suicida e risco de suicídio.
Cerca de 70% das pessoas com depressão maior ou bipolar que não respondem bem ao tratamento convencional, melhoram com o tratamento com infusões de cetamina.
Boa parte das pessoas melhoram já nas primeiras 24 horas após a primeira infusão. No entanto, podem ser necessárias infusões adicionais para a pessoa melhorar ou sentir o efeito máximo do tratamento. De qualquer maneira, em duas a três semanas no máximo, já é possível concluir sobre a eficácia do tratamento.
Para entender como a Cetamina age, é preciso antes entender como a depressão afeta o cérebro.
Existem muitos fatores envolvidos no surgimento da depressão, entre eles alterações inflamatórias e químicas. Nos pacientes deprimidos, neurotransmissores como a serotonina e a noradrenalina (responsáveis por funções importantes como na regulação da dor, do sono e do humor) não são produzidos em quantidades suficientes para o bom equilíbrio químico cerebral, e agentes inflamatórios atuam prejudicando o bom funcionamento cerebral. Assim, toda a rede de sinapses neuronais, ou seja, a comunicação entre os neurônios, fica gravemente danificada.
A Cetamina age na regulação de glutamato, um aminoácido presente no cérebro, e estimulando a formação de novas conexões entre os neurônios, restaurando circuitos cerebrais que estão muito prejudicados em casos de depressão grave. Assim, ela tem um importante papel no reparo e reconstrução de circuitos cerebrais, aumentando o número de sinapses e, consequentemente, a capacidade de comunicação entre os neurônios.
Ou seja, diferentemente dos antidepressivos convencionais , que somente aumentam a disponibilidade de substâncias para a comunicação neuronal, a Cetamina acaba agindo como um auxiliar na “reconstrução da ponte entre esses neurônios”, promovendo o restabelecimento de uma comunicação cerebral fluida.
O tratamento com cetamina é simples, indolor e seguro.
O paciente deve ser encaminhado para o tratamento pelo seu psiquiatra. Antes do início do tratamento de fato, os casos são discutidos pela nossa equipe médica com o psiquiatra que acompanha o paciente.
Quanto às aplicações, estão previstas, em média, de 8 a 12 aplicações na fase aguda, administradas 1 ou 2 vezes por semana, sob a supervisão de médico psiquiatra e de equipe de enfermagem especializada. Cada sessão dura entre 60 e 90 minutos desde a chegada do paciente, aplicação do tratamento e saída. Havendo boa melhora com o tratamento, a necessidade de tratamento de manutenção é discutida com o paciente e seu psiquiatra, visando diminuir as chances de recaídas após a interrupção do tratamento.
Somos preparados especialmente para a administração da cetamina, visando proporcionar conforto e tranquilidade durante o tratamento, com a garantia de um serviço totalmente capacitado para o atendimento de eventuais intercorrências. Toda a evolução do tratamento é discutida com o psiquiatra que acompanha o paciente, de forma a alinhar com ele os detalhes do tratamento.
É importante lembrar da importância de termos um psiquiatra presente durante todo o tempo de aplicação da cetamina, sendo esse um dos grandes diferenciais da Clínica Médica Assis.
A cetamina é um fármaco reconhecidamente seguro, aprovado pelos órgãos de saúde e utilizado há mais de 50 anos na área da saúde.
O uso para fins psiquiátricos é feito em doses baixas e, portanto, muito seguras. Além disso, a Cetamina possui um ótimo perfil de tolerabilidade, com poucos efeitos adversos, sendo utilizada pelos pacientes com bastante tranquilidade.
Existem pouquíssimas contraindicações à aplicação de cetamina, e cada caso será individualmente analisado pela nossa equipe médica antes do início do tratamento.
Se você tem depressão resistente ou se encontra em uma fase crítica de um episódio de depressão, converse com o seu psiquiatra, ele é o único profissional com o conhecimento técnico e pessoal sobre você capaz de sugerir o melhor tratamento para o seu caso.